Apólogo

Apólogo

"O velho Torquato dá relevo ao que conta à força de imagens engraçadas ou apólogos. Ontem explica o mal de nossa raça: preguiça de pensar.
E restringindo o asserto à classe agrícola:

- Se o governo agarrase um cento de fazendeiros dos mais ilustres e os trancasse nesta sala, com cem machados naquele canto e uma floresta virgem ali adiante; e se naquele quarto pusesse uma mesa com papel, pena e tintas, e lhes dissesse:
"Ou vocês pensam meia hora naquele papel ou botam abaixo aquela mata", daí cinco minutos cento e um machados pipocavam nas perobas!... "

(Monteiro Lobato - Cidades Mortas)

segunda-feira, 13 de junho de 2016

NÓS, OS CAPITÃES DO MATO



Somos a atual classe média brasileira. Chegamos aqui de diversas maneiras:
Alguns ascenderam na Era Lula, outros vieram “de cima” por meio de um pai que faliu e a família precisou se reajeitar com menos luxo. Outros, sempre mantiveram este posto econômico.
A especulação imobiliária afastou os funcionários que construíram as cidades, mas nós permanecemos nos centros urbanos, endividados ou não. Viemos do interior, com alguma história triste para contar: Um bisavô que laçou uma índia, um tataravô que estuprou uma negra escravizada.
Somos assim, “mamelucos”, mas sempre pendemos para o lado do opressor. Batemos no peito com orgulho pra contar nossa ascendência portuguesa, espanhola ou o que seja. Ninguém quer mencionar a ascendência “pobre” na família.
Somos filhos da história da repressão, mas também de muita resistência, mesmo que não saibamos. Somos filhos de conflitos e vivenciamos conflitos, mas preferimos não nos posicionar.
Vivemos numa recém-democracia e temos acesso a tudo. Somos consumidores de jornais, formadores de opinião e estamos diariamente conectados com a internet, com a velocidade e imediatismo da informação.
Muitas coisas acontecem ao nosso redor e pouco participamos, a não ser para darmos nossa “valiosa” opinião.
Há uma semana, por exemplo, uma moça sofreu um estupro coletivo no Brasil, o caso repercutiu muito, e onde estávamos? Atrás da tela do computador brincando de detetives.
Herdamos dos nossos antepassados patriarcais, o costume de culpabilizar a vítima. Com certeza o fizeram com a nossa bisavó índia, tataravó negra. Julgamos o comportamento, o passado da vítima, sua sanidade, seu poder de decisão. Quando isso não foi o bastante, criminalizamos o Funk, a roupa, o horário, a favela. Tudo, menos os estupradores.
Há meses cinco jovens negros foram fuzilados com 111 tiros de graça. Todos os dias a juventude negra é executada nas favelas. Todos os dias uma bala perdida “acha” um negro. E todos os dias a culpa é dos costumes, da música, do jeito de andar. E por que não dizer logo: Do nosso racismo?
O que há conosco? Qual é o nosso problema com a periferia? Em que momento da nossa história nós deixamos de nos identificar com nossos pares e passamos a nos sentir parte da “Casa Grande”?
Qualquer criança consegue desenhar uma pirâmide econômica e compreender que estamos aqui embaixo. Nós, os “viados”, os sem terra, a garota estuprada, o Amarildo, os cinco meninos.

Acontece que a classe média tem a sina de ser Capitão do Mato¹.

Esse sentimento foi cirurgicamente acoplado, ano após ano, seja em momentos históricos de tensão, seja por propagandas publicitárias na Ditadura Militar. Também por religiões eurocêntricas que nos moldam e que criminalizam as matrizes africanas, e, entre várias outras coisas, por todo nosso passado de exploração.
O chamado “brasileiro médio” não se posiciona. E não percebe que é em sua inércia que a violência cresce. Não percebe, ou não quer perceber, que essa violência tem lado e cor.
O estudante, o intelectual, que senta e assiste a tudo, inevitavelmente violenta!
E é preciso fazer autocrítica sobre o que está colocado.
Na última sexta-feira (3), o mundo perdeuMuhammad Ali – ícone desportista, ícone como ser humano e militante. Ali, em uma de suas entrevistas, afirmou que sempre foi um bom cristão e serviu humildemente à cidade que vivia, e que, quando trouxe sua primeira medalha olímpica ao seu país, sentou-se numa lanchonete da sua cidade e pediu um cachorro quente. O que foi negado. A justificativa: ele era negro. Ali finaliza a história:“Neste dia, então, me tornei muçulmano”.


No exemplo, o negro empoderado supera o estigma de Capitão do Mato. Para isso acontecer é preciso entender o que somos e a quem servimos, na vida e na política.

“É a repetição de afirmações que leva a crer. E, quando a crença se transforma em convicção, as coisas começam a acontecer.” Muhammad Ali – o maior boxeador do mundo.”
O momento político em que o Brasil vive é exemplo disso: Nunca seremos convidados a sentar à mesa dos patrões. Mas insistimos em nos dividir, numa irreal sensação de superioridade.
A classe média precisa sacar que os biscoitos que nos dão é convite para a manutenção do status quo, onde poucos detêm muito e muitos não detêm nada. E, para continuar essa lógica de exploração, precisam contar conosco, fazendo nosso trabalho de cães de guarda.
A história repete-se, “como farsa ou tragédia”. A classe média segue tragicamente cumprindo o papel que lhe cabe: Entregando os irmãos para o Coronel.
Eternos coadjuvantes. E nada livres.

¹ “O capitão do mato era na origem um empregado público da última categoria encarregado de reprimir os pequenos delitos ocorridos no campo. Na sociedade escravocrata do Brasil, a tarefa principal ficou a de capturar os escravos fugitivos.
O termo capitão do mato passou a incluir aqueles que, moradores da cidade ou dos interiores das províncias, capturavam fugitivos para depois entrega-los aos seus amos mediante prêmio.
Os capitães do mato gozavam de pouquíssimo prestígio social, seja entre os cativos que tinham neles os seus inimigos naturais, seja na sociedade escravocrata, que os considerava inferiores até aos praças de polícia, e os suspeitava de sequestrar escravos apanhados ao acaso, esperando vê-los declarados em fuga para depois devolvê-los contra recompensa.
O artista alemão Rugendas, viajando no Brasil em 1822-1825, retratou um capitão do mato negro, montado a cavalo e puxando um cativo (também negro) com uma corda.
O autor Martins Pena, ao adaptar a figura ridícula de Pantaleone do teatro italiano para o cenário do Brasil, o colocou naquela profissão (“O Capitão do Mato”, 1855).

Capitão do mato
Rugendas, 1823” Fonte: Wikipedia
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Luara Colpa é brasileira, tem 28 anos. É mulher em um país patriarcal e oligárquico. Feminista e militante por conseguinte. Estuda Direito do Trabalhador e o que sente, escreve. 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

TRINTA HOMENS

Trinta.
Vinte e nove
Vinte e oito
Vinte e sete
Vinte e seis
Vinte e cinco
Vinte e quatro
Vinte e três
Vinte e dois
Vinte e um
Vinte
Dezenove
Dezoito
Dezessete
Dezesseis
Quinze
Quatorze
Treze
Doze
Onze
Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um
Nenhum.
Eu tiraria todos - um por um - de cima de você neste momento irmã.  Eu limparia seu corpo, tiraria o som dos seus ouvidos, o cheiro deste lugar, as lembranças. Se o tempo voltasse, eu os impediria de terem saído de casa. Todos eles.
Eu desligaria os celulares, os computadores, tiraria baterias dos carros, dos ônibus. Eu faria feitiço, veneno, poção, dor de barriga para todos. Trinta.
Eu te levantaria daí e te levaria pra ver o pôr do Sol no Arpoador, se o mundo girasse ao contrário... Mas o mundo não gira.
Foram Trinta.
Um ex-companheiro e vinte e nove “amigos”. Nenhum deles se compadeceu. Vinte e nove seres humanos toparam se unir à um criminoso.
Trinta.
Trinta e um agora compartilharam. Trinta e dois riram. Trinta e três justificaram. Trinta e quatro se excitaram, trinta e cinco procuram o vídeo neste momento.
Agora o número se torna uma projeção geométrica. A misoginia aparenta infinita, o ódio e o machismo aparentam grandiosos demais. A primeira reação do público masculino em geral é ver o vídeo.
No entanto, quando pensei que fôssemos só nós duas, olhei para o lado e vi três, quatro, cinco. Achegaram-se seis, sete, oito, trinta.
Em segundos fomos noventa, cem, mil, somos milhares por você. Aquele som, aquele cheiro... Queremos que sua memória apague, mana.
E que o mundo nos ouça: “A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA!”. Que ecoe.
Que ecoe: Daqui vocês não passam.  Não passarão.
Que cada uma de nós seja porta voz do ocorrido¹ e que nossas mãos sejam denúncia.
Na violência contra a mulher todas metemos a colher.
DENUNCIE.
No site do Ministério Público, Polícia Federal e disque 180. Mexeu com uma, mexeu com todas.


¹- Em tempo: Acaba de ser noticiado que uma garota “Bia” fora estuprada por 30 homens no RJ. O motivo é vingança do ex namorado, que convidou mais 29 “amigos” para estuprar a vítima. Nenhum se absteve, nenhum deles parou os amigos, nenhum saiu do local, nenhum deles se compadeceu com a vítima (que neste momento está hospitalizada).
Não obstante, filmaram o ocorrido, postaram no twitter e muitos outros homens compartilharam em suas redes sociais, fizeram piada e justificaram o crime.
Em segundos, milhares de mulheres se uniram na tarefa da conscientização de umas às outras, da denúncia formal, via PF, MP e Disque 180.
“O correto, nesses casos, não é denunciar o perfil do divulgador do material pela timeline porque isso ajuda a divulgá-lo. 
Ajudem a denunciar, copiando a URL dos twittes e colando nos locais de denúncia dos sites :
Na ouvidoria no site do Ministério Público do RJ (mprj.mp.br/cidadao/ouvidoria) É importante se identificar.
O Ligue 180 também é um caminho para denunciar.”


domingo, 10 de abril de 2016

O pagode brasileiro à margem da Esquerda eurocêntrica - Ou: A barreira quase intransponível da organicidade importada.

Ontem eu lí um texto de um camarada falando sobre Pagode, e dizendo que só foi conhecer Caetano Veloso na vida dele, quando assistindo ESTE vídeo (no 1:41)¹.
Dantes nunca tinha ouvido nem falar do homem.

Eu queria discorrer um pouquinho sobre isso, e sobre nossa Esquerda-eurocêntrica ou no máximo Esquerda-latinoamericana (quando latinoamericana significa Venezuela e Cuba).

Eu, que sou do ABC Paulista, e que toda a minha memória de infância está em 3 lugares:

1- Na minha rua sem saída (sinônimo de solidariedade entre os trabalhadores de São Bernardo do Campo - onde tudo se resumia à vida na rua, desde almoços coletivos, vizinhos que cuidavam da gente a noite quando os pais saíam, onde todo mundo era tio/tia, até os dias de semana em que havia revezamento entre os que nos levavam pra escola.) Tudo era realmente muito coletivo.

2- Na rua da minha tia em São Paulo onde eu passava os finais de semana e onde aprendí a ser corintiana vendo o futebol como instrumento de união na vida das pessoas. As pessoas sempre festejando, churrascos, cerveja, criançada, pagode², todo mundo carregando a mudança do fulano, todo mundo correndo atrás de repor a TV do ciclano que a perdeu com a chuva. A solidariedade brasileira em forma de lugar!

3- No interior de Minas, onde fiz os mais sinceros amigos, de novo, na rua, no buteco, nas rodas de samba na casa da minha vó, onde qualquer garfo vira batuque, e qualquer vacilo vira piada (não bullying - piada).

Eu que carrego essa bagagem e que vim pra BH me tornar militante (e também flertar com o Galão pelos motivos ja expostos aí em cima). Eu sei que o pagode está "en mis venas".

E eu acho incrível o camarada nos contar que conheceu Caetano por Alexandre Pires.
Eu acho Caetano um cara único, monstro, competentíssimo, eterno. Eu acho Alexandre Pires a mesma coisa. SIM. Competentíssimo no que faz.

E um segredo, pra mim, está no mesmo patamar o Grupo Pixote à Belchior (me julguem).

Eu acho que o grandessíssimo erro da esquerda regra geral é ser muito desinteressante. Desinteressante porque eurocentrica, desinteressante porque acha que "la revolución" vai se dar em terras tupiniquins ao som de Silvio Rodriguez e Mercedes Sosa.

Chega a ser chata mesmo. Chata porque pega um menino do movimento estudantil e bota ele pra ler apenas Lênin e Marx e nada de Monteiro Lobato.

Chata porque quando pós moderna, problematiza Monteiro Lobato, José de Alencar.

Chata porque nunca discute Macunaíma, mas compara Revolução Urbana carioca com a Parisiense.

Chata e fria quando atribui comandos de Reforma Agrária baseado via de regra à dinâmica da vida alemã.

Mais irritantemente descabida quando interpreta feminismo à lá “Femmen”, um grupo de mulheres brancas americanas e cosmopolitas, que NADA tem a ver com a nossa realidade.

Aqui é terra de Capitu, eu quero problematizar a vida da Tia Anastácia, e nem precisa vir com a frase de Emma Goldman sobre “dançar é minha revolução”.
Aqui nós já dançávamos meus amores, a barriga ta quente nesse tabuleiro desde a escravidão, e o que somos é Capoeira.

Aliás, enquanto as mulheres brancas se organizavam para o dia internacional e a redução de horas de jornada, a nossa tataravó estava em uma senzala, oxalá estivesse numa fábrica de tecidos.

A esquerda brasileira quando não nacionalista, reproduz o que o capitalismo mais faz conosco: Nos afasta de nossos pertencimentos e nos dita o que copiar.

Não por acaso as “roupitchas” de nossos militantes-quadros-iluminados imita a Europa camponesa. Eu quero ver liderança de boné de aba reta ter o mesmo espaço de fala.

Aqui é miscigenação "adoidada"! A diversidade nos faz ímpares.
Aqui não tem gueto estadunidense e nem há porque haver "lacração" em nossas falas ou militância individual. Isso não é nosso.

Aqui é terra de Maria Felipa, mulher sedutora e forte se unir à uma freira (Joana Angélica), e Maria Quitéria vestir a roupa do cunhado pra lutar e decretar independência da Bahia, (aposto que as três griataram por dentro: Vai Baêa minha pooorra), antes dos enfrentamentos.  Aqui é tudo misturado mermo.

Nosso país de Trombas e Formoso, Canudos, Tenentismo, Malês, mas também é resistência via geral do Maracanã, futebol e pagode dos anos 90. E nossa gente é patrimônio cultural por tudo isso!

O mundo inteiro olha pra nós e vê criatividade, e até quem é de reza sabe: Coração do Mundo, Pátria do Evagelho.
Nós somos fodas.

E mais que isso, sempre nos forjamos em coletivos que nos abraçaram. Portanto, enquanto não abraçarem nosso jeito de ser, enquanto a academia e os intelectuais dobram o nariz para nossos costumes e nossa música, não haverá diálogo que se sustente por muito tempo.

É neste ponto que a esquerda se perde, é bem por aí que os movimentos “auxiliam” as ocupações, mas não fazem parte dela. Não há representação, nem pertencimento.

A metodologia dos espaços de discussão nos traz à tona uma esquerda nostálgica, eurocêntrica, maçante e incapaz de se reinventar.

Portanto, deem o play e escutem o melhor dos anos 90. Reparem que no olhar desse negão vencedor eu vejo mais resistência que muito poema bonito de quem trata o negro como zoológico e produz “material de pesquisa”.



E para os intelectuais não se sentirem tão mal, ainda um segundo link³ com algo que pode os apetecer os ouvidos ou que dialogue minimamente com vossos corações mais frios que a armação de seus óculos:



¹- Só pra Contrariar – Final Feliz Aqui!

²- Ufa, podemos falar a palavra "Pagode", já que: "
A Lei Geral da Copa, deu à Fifa direito à tramitação acelerada dos pedidos de registro de marcas no INPI, logo, a FIFA, registrou  no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a marca Pagode para proteger fontes de impressão, como a Times New Roman,  Arial, dentre outras. “Pagode”, é a fonte usada na marca do mundial de 2014. 
Ou seja, até 31 de dezembro de 2014, “Pagode” fazia parte do grupo de palavras, expressões e imagens que não poderiam ser usadas em nenhuma atividade comercial. Como por exemplo, Pagode da Boa do Arlindo Cruz."


³- Tom Zé – Complexo de Épico ou “Todo compositor brasileiro é um complexado” Aqui!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Deus Branco que nos Perdoe.

 Estou a parir meu filho preto. Na maca onde a enfermeira impaciente empurra minha barriga. Me livro da dor pensando em seu futuro.
De uniforme e banho tomado ele desce a ladeira:
        - Cuidado ao atravessar a rua! (Ele olha pra trás e sorri)
- Não esquece a merendeira hein filho? - Tá mãe!!
- Esteja bem vestido (para não te confundirem ... com ladrão).
- Não erga a cabeça pro polícia. 

Vou franzindo a testa e abaixo o tom de voz:

- Ande com carteira de Trabalho no bolso e apresente-a sempre que abordado.
- Se quiser ter o cabelo colorido, será confundido com bandido. Se quiser homenagear seus ancestrais e fazer dreads e penteados, será chamado de vagabundo.
- Você poderá apanhar na cara – Por que mãe? Porque sim, Não revide
- Você sofrerá revistas vexatórias todas as semanas da sua vida. Porque sim.
- Você será chamado de macaco, "esse preto", "de cor".
- Não ande em grupos pra não ser confundido com arrastão.
- Estude filho, vão falar que as cotas o salvou, que é incapaz. Não dê ouvidos à eles.
- Se você se esforçar muito no trabalho, será chamado de "moreninho até que esforçado" e mesmo que te explorem e expurguem, e que seu salário seja menor que o de todos... usarão seu exemplo, pra justificar a Meritocracia canalha que nos imputam.
- Em qualquer furto na empresa você é o suspeito, filho. Sim.
- Você será mal visto o resto da sua vida na família da sua namorada branca. Porque sim também.
   Sua mãe vai sofrer violência obstetrícia no hospital. Porque é preta. Você vai nascer na contramão da vida. Porque alguma igreja um dia disse que não tinhamos alma. 
     Que nossa cultura era inferior, e mediram nossos dentes e nossas canelas. E nos deram um terço pra tentarmos nos redimir de termos nascido nessa cor.
     Quando acharam oportuno, vestiram nossos turbantes e se apropriaram da nossa capoeira. Quando não nos queriam mais, nos forjaram "livres" na Lei do sexagenário. E então fomos expulsos da escravidão para a escravidão real.
    Aqui estamos. Somos a história dos centros urbanos, filho. Fomos expulsos do modelo de cidade e do convívio entre pessoas. Nunca fomos pessoas.
     Da periferia pra periferia seguimos, expurgados.
   Não nos perguntaram onde construímos nossa vida, nossa raiz. Somos sem estória.. A cada despejo fomos para a região metropolitana que nos colocavam. Em cada plano de habitação que meia dúzia de engomados brancos escreveram, fomos encaixotados nos predinhos de 40m². Bem longe. Longe dos olhos dos gringos.
    Taparam nossas casas com tapumes pra Copa do Mundo. Botaram camburão na nossa quebrada, pra nos lembrar que desde "o fim" da escravidão, não sabem o que fazer pra tampar nossa existência.
    Vão te dizer que mesmo em Estado de Sítio, você tem direito à ir e vir no seu país (que seus ascendentes construíram lajota por lajota.. paralelepípedo por paralelepípedo).
   Mas você será executado à luz do dia filho. Na porta de casa. E eu vou lavar seu sangue.
   Você será metralhado com 50 tiros. Você e seus amigos pretos. Porque sim. Porque fazem parte da parcela da população que tem que ter regras pra estar vivo. Que é achincalhado desde o nascimento.
    Nos exterminarão todos os dias, todos os dias "um crime isolado".
    E jogarão a culpa no policial noiado, no indivíduo sob pressão, na legítima defesa. A sociedade não reconhecerá que são todos cúmplices da sua morte.
    Eles estão certos, agem em "legítima defesa". Te avisei pra não sair sem a carteira de trabalho filho. Aliás, nem deu tempo de mostrar né? Te avisei pra não encarar o polícia.... Também não precisou. É, não deu tempo.
    Vamos entrar pra estatística filho.
    Eles só tem a televisão. Só tem a visão longínqua e deturpada do que somos. Eles desligarão a TV quando incomodar. Eles não sabem de mim, nem de você.
     Só mais uma mulher sozinha parindo sob violência.
    Só mais um preto metralhado. O Deus branco que nos perdoe, somos sem alma.
#‎Podiasermeufilho .
Luara Colpa .


sábado, 14 de junho de 2014

Carta ao amigo William Rosa

Belo Horizonte, 14 de junho de 2014

"Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta"


    William, amigo que não se encontra mais entre os de cá.
    Hoje pensei diversas vezes em você. Lembrei-me dos primeiros dias do COPAC, quando sentamos para pensar o que seria o movimento, lá em 2010. Quando ainda alí na antiga salinha das Brigadas, tentávamos elaborar uma proposta de calendário de estudos semanais.
Aconteceria às terças. Iniciamos os estudos e eu pensei que seria fácil, mas não. Sua orientação era minuciosa, você sugeria que conhecêssemos a fundo a história de Belo Horizonte, assim me prontifiquei. Aprendí muito, como essa cidade foi planejada e como o capital se apropriou do espaço urbano para excluir os pobres, os pretos, os vadios, seja no nascimento da cidade, nos tempos de chumbo. Como a tradicional família mineira forjou esta cidade à seu modo, e como a localização territorial, a economia macro interferiria nesta que é a nossa Belo Horizonte.

    Os excessos policiais para com os negros, impedidos de ficarem no parque municipal, a elitização do centro da cidade, a exploração sexual tão disfarçada de glamour na época de Hilda Furacão, os capoeiristas do Floresta, os "vadios" debaixo do viaduto Santa Teresa, tão criminalizados, as prisões arbitrárias nesses locais e para estes atores somente.

    Por um momento, no dia de hoje, suspirei ao fechar os olhos e me encontrar novamente no mesmo cenário e sentí o quão pouco esta cidade forjada avançou.
Camarada, o projeto arquitetônico de BH, não por acaso se finda em 8 ruas centrais e congruentes. Não por acaso o cruzamento da Amazonas e Afonso Pena é estratégico pra dizer que alí, naquela "meiuca" de cruzamentos, seria o palco do ensejo à democracia, mas também carrega o resquício da cidade sitiada. Alí não há saída, as ruas desembocam no centro e o centro dá conta dos indesejáveis. Os loucos continuam compulsoriamente presos, as câmeras continuam caçando os pretos, pobres. As mulheres marginalizadas, os gays sofrem abusos nas madrugadas. William, tudo está como há 4 anos atrás, quando sentávamos para pensar quem se apropria do modelo de cidade-mercado.

    Mas hoje, especialmente hoje, meu caro, queria lhe dizer: A Copa do Mundo começou e nós do movimento que você ajudou a construir, estivemos sitiados. A polícia nos cercou com todo o aparato bélico, e com todo saudosismo de uma época de sangue. Você se lembra quando discutíamos como seria o Projeto de Lei que circundaria os estádios e proibiria o Ir e Vir da população? Pois sequer precisamos marchar até a "área FIFA", foi no centro mesmo. No coraçao central, no encontro das avenidas, em frente ao antigo teatro (agora revitalizado), alí,  onde nossos ascendentes foram expulsos pras periferias, alí onde tudo começou...

    Bem alí, na Praça que leva o nome Sete de Setembro, há exatos 10km do Mineirão. Todas as vias foram fechadas, não era "área FIFA", portanto, nõ haveria justificativa... Mas é "área capital, área cidade-mercado". Somos transeuntes na cidade mercado, estamos atrapalhando os negócios, estamos existindo, num espaço onde se deve “ter” e não “ser”. Eles não nos querem, nunca quiseram.

    Tivemos de nos reunir pra podermos andar metros ate a Praça da Estação, precisamos praticamente pedir "bença" ao Estado repressor para nos permitir ANDAR até a próxima praça, assim como os vadios precisavam pedir ao Estado um número que os localizava, assim como abaixo dos viadutos, nossos irmãozinhos de outrora precisavam de permissão para andar até a próxima estação.

    São tempos difíceis para nós, no entanto te digo por aqui, você esteve conosco.. Há uma ocupação muito bonita que leva seu nome, e os meninos do William Rosa são massa! Estão na luta! Sabem que aqui no palco é bala de borracha, mas na morada deles a bala é de verdade, no entanto estão aqui, e estamos com eles, e estamos com você!

    Me desculpe a falta de parágrafo e a escrita embolada (você sempre chamou minha atenção por isso, risos)...

Até a próxima!

Luara Colpa






terça-feira, 8 de outubro de 2013

A saga Kátia Abreu


É importante fazer uma análise rápida do que é, e para onde vai Kátia Abreu e compreender o que simboliza este ícone - que agrega os maiores latifundiários do Brasil -  à conjuntura atual, aos movimentos sociais do campo e ao governo bem como suas opções e articulações que, possivelmente alterarão os caminhos da economia do Brasil.

Sem querer tocar no assunto posicionamento político, violações de direitos humanos, crimes ambientais, exploração de trabalho e a lógica do agronegócio que expropria a cultura familiar camponesa e afasta dia a dia a possibilidade de uma Reforma Agrária no Brasil, vamos às contas lógicas:

Kátia Abreu: Senadora de Tocantins e representante do Agronegócio, a cara exposta da bancada Ruralista desse Brasil tem a seguinte passagem:

1- Fazia parte do PFL (Partido da Frente Liberal) e quando o partido desconfigurou-se e criaram o DEM, a atual Senadora fundou o PSD (junto à Gilberto Kassab).

2- No PSD, já no mandato Dilma, Kátia Abreu compôs a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária - assumindo o cargo de Presidente).

3- Esta semana Kátia filiou-se ao PMDB, convite articulado pelo vice-presidente da República, Michel Temer - o que não agrada a todo o PMDB: Geddel Vieira Lima, hoje um dos vice-presidente da Caixa Econômica Federal, é um dos inconformados. Mas o que mais espanta os otimistas é a seguinte publicação:

Dilma Rousseff teria avisado ao seu vice, Michel Temer, que se o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, continuar discursando contra filiação da senadora Kátia Abreu ao PMDB perderá o cargo. De acordo com antigos peemedebistas, Geddel teria pedido para a presidente demiti-lo."E ele fala isso abertamente, e falou até para o Michel [Temer]", contou uma fonte do Congresso. ¹

4- Kátia compra brigas: A primeira com uma parcela do PMDB (liderada por Eduardo Cunha) que não quer perder a pasta do Ministério de Agricultura para a suposta candidata e que sustenta que Kátia Abreu age mantendo o partido como aluguel. Permanece influenciando o PSD (deixando seu filho Irajá Abreu no comando) e assim ficaria com "um pé cá outro lá"
A verdade é que mais dois ministérios devem cair no colo do PMDB (Veja em:  http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/9/19/psb-devolve-2-ministerios-ao-governo-dilma) e não a toa Kátia é convidada de Michel e Dilmar reforçando a vitoriosa coalizão de PT e PMDB.

Importante frizar ainda quem escolhe quem nessa dança das cadeiras (Veja em:  http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/quem-escolheu-quem)

São 39 Ministérios com custo de 58 bilhões anuais aos cofres públicos, e pela troca troca de ministros o que percebemos é o verdadeiro balcão de cargos tanto no governo Lula como o de Dilma. Criaram pastas para agregar partidos à base aliada. 

5- Toda esta movimentação talvez soe com ar de normalidade nos dias de hoje e nas articulações e rompimentos propositais, feito entre compadres, mas esta, mais que outras que estão expostas tem significado especial.

Por que?

Os movimentos sociais no último decênio (principalmente os movimentos campesinos) ficaram engessados frente à política da Dilma e Lula, seja pelo chamado descenso esperado graças à política social do Bolsa Família e outros projetos populares, seja pela política macro de "desprezo" à opinião popular mesmo. Esta opção, correlata ao aumento de cargos nas secretarias que abarque os movimentos, cooptando lideranças, é agora o nosso maior desafio.

Dilma cala os movimentos sociais que compõem sua base, o PT nas instâncias estaduais segue a cartilha, oferece a chamada aproximação aos movimentos que por sua vez opta por aguardar quem sabe, uma secretaria que vá auxiliar a melhora de vida dos seus.. Esse aguardo sem fim permeia os dias de quem luta e pouco se constrói. No Brasil, no último governo foram apenas 86 desapropriações.

O que esperar?

É tempo de agitação nas ruas, após as manifestações de junho, estamos frente à Copa do Mundo e o povo provavelmente irá às ruas demonstrar sua insatisfação com o acordo firmado entre governo e FIFA. É hora dos movimentos irem às ruas, proporem o aglutinamento das pessoas em suas causas e reverterem esta situação. Com coragem, sem medo.

Os que ficarem à sombra de Dilma neste período, demonstram a sombra de Temer e logo do Agronegócio de Kátia Abreu.. A conta é simples e o resultado tão delicado quanto o momento que se vive.
¹ - 
http://www.portalct.com.br/blogct/2013/10/03/57263-eduardo-cunha-diz-que-katia-quot-usa-quot-pmdb-como-quot-aluguel-quot-nomeacoes-no-ministerio-da-agr

segunda-feira, 11 de março de 2013

O 8 de março

O 08 de março.

Me lembro muito bem de à esta data, por vários anos, ver meu pai entrar em casa com 3 rosas, para minha mãe, eu e minha irmã. Bonito dia em que haviam mais pessoas vendendo ou dando mesmo flores nos semáforos de Belo Horizonte. Na escola homenageávamos a Virgem Santa e os funcionários nos parabenizavam pelo nosso dia.

Mas eu, e minha irmã, éramos apenas duas crianças, mal sabíamos... o que representa ser mulher. Por estarmos num colégio católico, talvez fizéssemos idéia de que éramos a expectativa da materialização da doçura e beleza, e a contemplação de mulheres históricas fortes, mas imaculadas. Parceiras, mas obedientes, bonitas, mas tampadas.

Crescemos. Cada uma tomou um rumo na vida e em vários pontos divergimos. Mas temos algo em comum: Somos mulheres, sofremos no âmbito de nossos diferentes cenários de vida a flagelação de ser mulher, independente de convergirmos em qualquer debate, e que ironia convergirmos apenas na dor.

Este ano em especial prefiro me abster da minha flor "de direito" com a melhor das intenções de meu pai, também das congratulações quase maquinais dos funcionários de prédios públicos, me abstenho de receber parabens por manter a ordem das coisas como estão.

Falo isso, pois desde que sou criança e observo o mundo, ja ví muita coisa melhorar: As piadas em relação aos negros, caíram em desuso, raros são os que ainda riem. O debate homossexual, graças à bons militantes, têm sido levado em consideração, mesmo que minimamente, há maiores ganhos e respeito.

Mas às mulheres, não.
Não falo aqui de equiparação salarial, ou do avanço da Lei Maria da Penha, falo do dia a dia, da violência psicológica, de piadas, flertes, subjugação, preconceito, exploração, assédio moral e sexual.

Entre compadres da política, política ainda é para homens, e a mulher para futilidade e apelo sexual. É a máxima.

Com esperança, desejo muita força para as companheiras não no 08 de março que é dia bonito de luta, marcha nas ruas e flores, mas desejo força mesmo é no dia 09, quando a vida volta ao normal e somos ainda as vítimas do machismo, dos homens para com as mulheres e da competição das mulheres para com as próprias mulheres, numa rivalidade machista e deturpadora.

Que se perpetue um 8 de março não só para as imaculadas mulheres que nos serviam de referência, mas por todas: As mães, ás estudantes, às realizadas, às juizas, as marginalizadas as putas, as drogadas, as negras, as brancas, as vulgares, as felizes...

À todas que existem dentro de nós e um dia, quem sabe: ÀS LIVRES!!!
 
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Nada causa mais horror à ordem


A consagração do belo trabalho da pequena atriz teria outra repercussão caso a mocinha tivesse nascido 2 tons mais clara. Sim. É um fato.

Quvenzhané é negra, e é mulher. E "nada causa mais horror à ordem do que mulheres que lutam e sonham" já diria J. Martí.
A pequena garota talvez esperasse o mundo aos seus pés diante do que representa a celebração do Oscar, mas não, ao longo dos seus 9 anos, ela - e todos os negros - cresceram ouvindo o que os brancos chamam de "piadas", mas é racismo mesmo!
Não seria diferente se no grande dia - assim como
em todos os outros de sua vida - ela sofresse o racismo fantasiado de "piada".

Quvenzhané não seria consagrada simplesmente pelo talento sendo mulher e negra. Com apenas 9 anos foi chamada em público de "cunt" (a pior ofensa da língua inglesa, que à nossa tradução significaria "boceta"), uma forma de adjetivar "de brincadeira, é claro" a mulherzinha negra que virou estrela.

Logo a ofensa foi retratada via twitter e seguida de uma justificativa: Seria apenas uma piada.


Em tempos de tanto apelo à liberdade de expressão (vedada principalmente na máquina capitalista), falar o que se quer só é permitido quando o locutor é um homem branco e a vítima, digo, ouvinte, um negro, ou uma mulher, ou um gay.

Para estes 3 seres, Há sempre o sexismo, o racismo, a misoginia, o ódio e preconceito transvestidos de "piada" de forma a assoprar o que se feriu.

Ando particularmente cansada de piadas. A vida, a dignidade das pessoas, a integridade física e mental não são condizentes com piadas. E ponto.

Quer o mundo conservador queira ou não.

Somos mulheres, somos negros, somos gays, somos transsexuais, somos  a escória da história mundial e ainda assim somos seres humanos cada vez mais capazes, apesar do mundo conspirar contra. Incomodamos.

A pequena estrela de Hollywood incomoda e isso é tudo.

O Papa caiu, negros e mulheres ocupam o espaço dos antigos senhores do patriarcado, na política, na arte, no judiciário.. Bons ventos nos trazem e os Senhores terão de nos engolir!


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* Segue abaixo a memorável fotografia de Dorothy Counter, primeira mulher a frequentar a escola nos EUA em setembro de 1957, sob deboches e piadas. Qualquer semelhança...





Luara Colpa





terça-feira, 10 de maio de 2011

I Seminário do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa BH

Publicado em por Atingidos pela Copa 2014 - BH 


A realização da Copa 2014 é apresentada pelas entidades oficiais e pelo governo como uma grande celebração da estabilidade econômica que o país vem alcançando. Aproveitam-se da paixão do Brasileiro pelo futebol para criar um clima de oba oba, e tudo é festa.
No entanto, as exigências da FIFA para a realização dos jogos ultrapassam leis estaduais, municipais e até mesmo a Constituição Federal. Somados a isso, políticos e empresários mal intencionados aproveitam a oportunidade para privatizar prédios e terrenos públicos, e lesar os cofres públicos com obras superfaturadas. Não é esta a Copa que queremos para o Brasil e só com grande participação popular é possível interferir nestes eventos.
Buscando articular diferentes setores da sociedade e estreitar laços entre todos aqueles que, direta ou indiretamente serão atingidos por esse Megaevento, o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa 2014 (COPAC) convida para o seu primeiro Seminário, oportunidade para discutir os impactos da Copa 2014 no Brasil e particularmente em Belo Horizonte. O evento será realizado no auditório da Faculdade de Direito da UFMG (Avenida João Pinheiro, 100 – Centro) nos dias 13 e 14 de Maio. No dia 15 de Maio, domingo, será realizado a Copelada, um campeonato de futebol com times amadores na Praça da Estação, a partir das 15h.

Confira a programação e venha participar você também!

> PAINEL 1 | 13/05 (sexta-feira) | 18:00h
Os Megaeventos e as violações aos direitos humanos e sociais

> PAINEL 2 | 14/05 (sábado) | 09:00h
A Cidade de Exceção e a Copa do Mundo

> PAINEL 3 | 14/05 (sábado) | 11:00h
Mobilidade Urbana para quem?

> PAINEL 4 | 14/05 (sábado) | 18:00h
Impactos de econômica e urbanística decorrentes da realização do Mundial da FIFA no Brasil

> GRUPOS DE TRABALHO | 14/05 (sábado) | 14:00h

> COPELADA | 15/05 (domingo) | Cadastramento dos times 15:00h | Início dos Jogos 16:00h | Praça da Estação
Forme um time de 5 jogadores e venha jogar uma pelada no espaço público!

* Entrada gratuita, por ordem de chegada. Para emissão de certificado será cobrada a taxa de R$ 5,00.

Realização: 



Apoio: Programa Pólos de Cidadania | Brigadas Populares | Centro Acadêmico de Ciências Sociais UFMG | Valle Ferreira | Centro Acadêmico Afonso Pena UFMG | Diretório Central dos Estudantes DCE – UFMG